Você sabe o que faz uma médica de família e comunidade?
- Natália Pierdoná

- 7 de set.
- 3 min de leitura
Atualizado: 30 de set.
A medicina de família e comunidade, carinhosamente chamada pela sigla MFC, é uma especialidade médica, assim como a endocrinologia, a ginecologia, a psiquiatria, entre outras. Entretanto, diferentemente, das outras especialidades que costumam focar seu trabalho em um órgão ou sistema do corpo humano, a medicina de família e comunidade é uma especialidade generalista, ou seja, não avalia uma pequena parte do corpo, mas sim, o conjunto.
Eu gosto de dizer que nós, médicas de família e comunidade, somos especialistas em gente! Isso porque, somos as especialistas que juntamos todas as peças desse grande quebra-cabeças que é o ser humano, e olhamos a pessoa como um todo.
Nós podemos avaliar a pessoa, independentemente de qual é o problema de saúde que te trouxe nessa consulta. Sem aquela preocupação de: “Será que eu devo ou não devo comentar sobre isso com a minha médica?” Na consulta com uma médica de família, você pode falar sobre o que precisar falar, sem julgamentos, porque é um espaço seguro para as nossas conversas.

Ver a pessoa como um todo significa avaliar conjuntamente corpo e mente, pois não tem como separar. Tudo é avaliado na consulta: o que você faz no seu dia a dia, com quem você se relaciona, como é a situação familiar, o contexto comunitário, social, planetário em que você vive... esses e outros aspectos serão importantes para a consulta. Isso tudo é o que chamamos de modelo centrado na pessoa.
Faz parte das competências da médica de família, estabelecer uma boa relação médica-pessoa, o que significa que haverá um ambiente acolhedor para se sentir confortável para falar, além de uma relação de confiança, que será construída ao longo das consultas. Na MFC não existe alta, já que a ideia é que a médica de família seja sua médica de confiança, para te acompanhar ao longo da vida, durante suas diferentes fases e ciclos, estabelecendo uma relação que chamamos de longitudinalidade.
As condutas médicas costumam ser estabelecidas de maneira compartilhada, ou seja, você será convocada a dar suas opiniões sobre o que está sentindo, o que gostaria que fosse feito, e a partir disso, estabeleceremos juntas seu plano terapêutico. Isso sempre atentas às melhores evidências científicas para cada situação.
As médicas de família, são responsáveis por resolver os problemas mais comuns da população, o que inclui: consultas de rotina; check-ups; queixas ginecológicas como irregularidade menstrual e menopausa; abordagem de doenças crônicas como diabetes, hipertensão e problemas da tireoide; problemas de saúde mental como depressão, ansiedade e dificuldade para dormir; busca de ajuda para parar o uso de substâncias químicas como vício em cigarro e álcool; problemas de dor crônica, entre outros. A prevenção em saúde também é uma competência essencial das médicas de família. Todas essas questões de saúde poderão ser avaliadas nas diversas fases de vida, atendendo adolescentes, adultas ou idosas.
Além de tudo isso, nós, médicas de família gostamos muito de trabalhar em equipe. O que significa que se for necessário te encaminhar para algum outro profissional, ou se você já fizer acompanhamento de saúde com outros, como psicólogos, fisioterapeutas, nutricionistas, e, se tivermos seu consentimento, faremos questão de conversar sobre seu plano terapêutico e sua evolução com esses profissionais, a fim de melhorar seu tratamento.
Se você se sentiu convocada, se você acredita que está precisando de uma médica que possa te olhar por inteiro, sua melhor escolha será procurar uma médica de família e comunidade para te acompanhar ao longo da vida!
Natália Pierdoná
Médica de Família e Comunidade
CRM-BA 49.032 | RQE 27.935



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