Você é ansiosa ou está ansiosa?
- Natália Pierdoná

- 9 de set.
- 3 min de leitura
Atualizado: 30 de set.
Você já parou para pensar na diferença? A ansiedade é um sentimento normal, esperado para o desenvolvimento e existência humana, já que dependemos dela para desempenhar nossas atividades no dia a dia. Por exemplo, se não tivéssemos uma mínima ansiedade por medo de ser atropeladas, não olharíamos para os dois lados antes de atravessar a rua.
Entretanto, às vezes, essa ansiedade deixa de ser uma emoção que nos ajuda a viver de forma segura, para se tornar um sentimento ruim, que nos causa angústia e sofrimento. E nesses casos, pode requerer acompanhamento profissional, por exemplo, por médicas, psicólogas, entre outras.

Mas hoje, gostaria de falar não apenas dos sintomas que revelam que a ansiedade se tornou um problema na nossa vida. Gostaria de escrever sobre hábitos que podemos ter no nosso cotidiano, e que nos causam ansiedade, mesmo que, frequentemente, não percebamos isso.
Por exemplo: o que você costuma fazer ao acordar? Costuma fazer um alongamento, orações, ou ler um livro, ou costuma já acessar o celular como primeira atividade?
Ao longo do dia, você tem hábito de assistir televisão? E se sim, que tipo de programas você assiste? Eles te deixam tranquila, ou te deixam mais aflita com problemas que não são da sua competência conseguir resolver, como jornais e programas policiais?
Quando você faz suas refeições principais, por exemplo, almoço e jantar, você costuma prestar atenção no seu prato, no que você está comendo? Ou você se alimenta em frente à televisão, ou mexendo no celular? E você tem um local separado e tranquilo para sentar à mesa e se alimentar? Ou suas refeições ocorrem no sofá, na sala, no escritório, ou no mesmo lugar em que você trabalha ou estuda?
Você passa quantas horas por dia, conectada no celular? E nas redes sociais? Que tipo de pessoas você está seguindo nas suas redes? Pessoas que te fazem sentir mais feliz consigo mesma, mais realizada pessoalmente, ou pessoas que te fazem sentir sempre em dívida consigo mesma, como se precisasse comprar mais, ter mais coisas que você nem sabia que eram importantes e agora parecem essenciais? São pessoas que te alegram, ou que trazem sempre conteúdos que te entristecem?
E sobre os seus relacionamentos, quem você costuma encontrar no dia a dia? Pessoas que você se sente feliz por poder conviver, ou pessoas que te julgam, te criticam, diminuem a sua autoestima, e que, provavelmente, você precisa começar a colocar limites?
Antes de dormir, quais hábitos você costuma ter? Você tem uma rotina que te relaxa? Ou você tem hábito de deitar na cama e ainda ficar alguns minutos ou horas mexendo no celular, até esperar o sono chegar?
E como você passa o seu dia? Tem algum momento em que consegue reservar para fazer algo prazeroso, mesmo que pouco tempo? Como por exemplo, ouvir uma música que você gosta, fazer um exercício, passar um creme no corpo... Ou você passa o dia focada apenas em trabalhar?
A ansiedade muitas vezes é um sinal de alerta, de que algo não vai bem na nossa forma de viver a vida. Ela também serve como uma bússola, para nos mostrar que precisamos mudar algo. Mas será que você está disposta a fazer as mudanças que já percebeu que precisa fazer? Tem mudanças que são grandes, como perceber que só mudando de emprego vai se sentir melhor, e muitas vezes, isso não é possível no momento. Mas tem mudanças que são menores, como por exemplo, diminuir o tempo em frente à televisão. Escolher outro programa de TV para assistir. Selecionar melhor as pessoas que está seguindo nas redes sociais. Passar menos tempo no celular antes de dormir.
Se você está ansiosa, eu te convido a olhar para a sua rotina, e perceber com mais lucidez o que precisa ser mudado para você se sentir melhor. Se ainda assim, após as mudanças, você continuar por muito tempo angustiada, pode ser a hora de buscar ajuda profissional.
Uma mente tranquila é também uma vida tranquila. Para mudar a nossa mente, precisamos estar dispostas a mudar os hábitos que nos adoecem, dentro das nossas possibilidades.
Natália Pierdoná
Médica de Família e Comunidade
CRM-BA 49.032 | RQE 27.935



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